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Por: David Havilá
📜A Era dos Templos de Jerusalém: – Artigo 5
- A Era dos Templos de Jerusalém representa um período crucial na história judaica, abrangendo aproximadamente mil anos (de 1000 AEC a 70 EC) durante os quais o Templo de Jerusalém serviu como centro espiritual, religioso e nacional do povo judeu. Este período, dividido entre a época do Primeiro Templo (construído pelo Rei Salomão) e do Segundo Templo (reconstruído após o Exílio Babilônico), testemunhou transformações fundamentais que moldaram permanentemente a identidade e prática judaicas.
Os Patriarcas: Abraão, Isaac e Jacó
A Historia patriarcal, registrada no livro de Gênesis, estabelece os fundamentos da relação entre Deus e o povo judeu através das histórias de três gerações de uma família: Abraão, seu filho Isaac, e seu neto Jacó (posteriormente chamado Israel).
🕍O Primeiro Templo: Estabelecimento da Monarquia e Centralização do Culto
A Conquista de Jerusalém e o Reinado de Davi
Após a conquista de Canaã sob a liderança de Josué e o subsequente período dos Juízes, os israelitas eventualmente estabeleceram uma monarquia. O primeiro rei, Saul, teve um reinado turbulento que terminou em derrota militar e suicídio. Foi seu sucessor, Davi, que transformou Israel de uma confederação tribal frouxa em um reino unificado e poderoso.
Por volta de 1000 AEC, o Rei Davi conquistou a cidade jebusita de Jerusalém e a estabeleceu como sua capital. Esta escolha foi estrategicamente brilhante: localizada na fronteira entre os territórios das tribos do norte e do sul, Jerusalém não pertencia a nenhuma tribo específica, permitindo que servisse como capital neutra para todo Israel.
Davi trouxe a Arca da Aliança – o símbolo mais sagrado da presença divina entre os israelitas desde os tempos do Êxodo – para Jerusalém, estabelecendo a cidade como centro religioso além de político. Ele também adquiriu o Monte Moriá (identificado na tradição como o local onde Abraão quase sacrificou Isaac) como local para um futuro templo, após uma praga ser contida quando ele construiu um altar ali.
Embora Davi desejasse construir um templo permanente para abrigar a Arca, o profeta Natã transmitiu-lhe uma mensagem divina: devido ao sangue derramado em suas muitas guerras, Davi não construiria o templo; esta tarefa seria reservada para seu filho e sucessor, Salomão. No entanto, Davi fez extensos preparativos, acumulando materiais e estabelecendo planos para a construção.
O reinado de Davi é lembrado como uma era dourada na história israelita. Além de suas conquistas militares e políticas, Davi é celebrado na tradição judaica como poeta (tradicionalmente creditado com a autoria de muitos dos Salmos), músico, e homem “segundo o coração de Deus”. Sua dinastia tornou-se o padrão pelo qual futuros governantes seriam julgados, e a promessa divina de um trono eterno para a casa de Davi (2 Samuel 7:12-16) tornou-se a base para esperanças messiânicas futuras.
O Reinado de Salomão e a Construção do Templo
Salomão sucedeu seu pai Davi por volta de 970 AEC e presidiu uma era de paz e prosperidade sem precedentes. Seu reinado é caracterizado na narrativa bíblica por extraordinária sabedoria (exemplificada no famoso julgamento entre duas mulheres reivindicando o mesmo bebê), riqueza imensa, e relações diplomáticas extensas, incluindo alianças com o Egito e Tiro.
O projeto definidor do reinado de Salomão foi a construção do Templo em Jerusalém. Utilizando materiais acumulados por Davi e empregando artesãos fenícios fornecidos pelo Rei Hiram de Tiro, Salomão construiu uma estrutura esplêndida que levou sete anos para ser concluída (aproximadamente 966-959 AEC).
O Primeiro Templo, descrito em detalhes em 1 Reis 6-7, era relativamente pequeno pelos padrões de templos antigos – aproximadamente 27 metros de comprimento, 9 metros de largura e 13,5 metros de altura – mas era ricamente decorado com madeira de cedro entalhada, ouro, e outros materiais preciosos. Consistia em três partes principais:
1. Ulam (Pórtico): A entrada do templo.
2. Heichal (Santuário): Contendo o altar de incenso, a mesa para os pães da proposição, e o candelabro de sete braços (menorá).
3. Devir (Santo dos Santos): A câmara mais interna e sagrada, contendo a Arca da Aliança, acessível apenas pelo Sumo Sacerdote uma vez por ano, no Yom Kipur.
O templo era cercado por um pátio onde ficava o grande altar de bronze para sacrifícios animais, e várias câmaras laterais para os sacerdotes e armazenamento de tesouros e implementos sagrados.
A dedicação do Templo, descrita em 1 Reis 8, foi uma ocasião de celebração nacional. Salomão ofereceu uma oração eloquente reconhecendo que nenhum edifício poderia conter verdadeiramente o Deus infinito, mas pedindo que Deus aceitasse o Templo como local onde Seu nome habitaria e as orações seriam direcionadas.
Significado Religioso e Nacional do Primeiro Templo
A construção do Templo representou uma transformação significativa na prática religiosa israelita. Anteriormente, sacrifícios eram oferecidos em vários “lugares altos” locais. Com o Templo, iniciou-se um processo de centralização do culto em Jerusalém, embora esta centralização não tenha sido imediatamente ou universalmente implementada.
O Templo tornou-se o ponto focal da identidade nacional e religiosa israelita. As três festas de peregrinação – Pessach (Páscoa), Shavuot (Semanas) e Sucot (Tabernáculos) – traziam israelitas de todo o reino a Jerusalém, fortalecendo a unidade nacional e o senso de destino compartilhado.
O sistema sacrificial centrado no Templo, supervisionado pelos sacerdotes (cohanim) da linhagem de Aarão, proporcionava um mecanismo para expiação de pecados, expressão de gratidão, e celebração de momentos significativos no ciclo agrícola e no calendário religioso.
Divisão do Reino e Declínio
Após a morte de Salomão (por volta de 930 AEC), seu filho Roboão enfrentou uma revolta liderada por Jeroboão, resultando na divisão do reino unificado:
1° O Reino do Norte (Israel): Composto por dez tribos, com capital inicialmente em Shechem e posteriormente em Samaria.
2° O Reino do Sul (Judá): Composto pelas tribos de Judá e Benjamim, com capital em Jerusalém.
Esta divisão teve profundas implicações religiosas. Para evitar que seus súditos viajassem a Jerusalém para adoração (e potencialmente transferissem sua lealdade para Judá), Jeroboão estabeleceu santuários alternativos em Dan e Betel, completos com bezerros de ouro que ele apresentou não como deuses alternativos, mas como pedestais para o Deus invisível de Israel – uma política condenada pelos escritores bíblicos como idolatria.
O Reino do Norte experimentou instabilidade política crônica, com numerosas dinastias derrubadas por golpes violentos. Apesar de períodos de prosperidade material, particularmente sob a dinastia de Omri, o reino foi criticado por profetas como Elias, Eliseu, Amós e Oséias por injustiça social, sincretismo religioso, e afastamento da aliança com Yahweh.
Em 722 AEC, o Reino do Norte foi conquistado pelo Império Assírio. Muitos habitantes foram deportados e reassentados em outras partes do império assírio, enquanto povos estrangeiros foram trazidos para a região – uma política de transferência populacional destinada a quebrar identidades nacionais e prevenir rebeliões. Estas tribos do norte tornaram-se conhecidas como as “Dez Tribos Perdidas”, embora alguns estudiosos acreditem que muitos israelitas do norte eventualmente migraram para o sul e foram absorvidos em Judá.
O Reino do Sul sobreviveu por mais 136 anos após a queda de Israel. Embora também experimentasse períodos de idolatria e injustiça social (condenados por profetas como Isaías, Miquéias e Jeremias), Judá beneficiou-se de maior estabilidade política sob a contínua dinastia davídica e da presença do Templo em Jerusalém como âncora religiosa.
A Destruição do Primeiro Templo e o Exílio Babilônico
O fim do Primeiro Templo veio com a ascensão do Império Neobabilônico. Após derrotar os assírios e egípcios, o rei babilônico Nabucodonosor II voltou sua atenção para Judá, que havia se rebelado contra o domínio babilônico:
– Em 597 AEC, Nabucodonosor sitiou Jerusalém, levando à rendição do rei Joaquim. O rei, muitos nobres, artesãos qualificados, e tesouros do Templo foram levados para a Babilônia. Zedequias foi instalado como rei vassalo.
– Quando Zedequias posteriormente se rebelou, Nabucodonosor retornou com força total. Após um cerco de 18 meses, Jerusalém caiu em 586 AEC. O Templo foi saqueado e queimado, as muralhas da cidade foram derrubadas, e grande parte da população foi deportada para a Babilônia.
A destruição do Templo e o subsequente exílio representaram uma crise teológica e existencial para o povo judeu. Como poderiam adorar Yahweh sem o Templo? O que significava a derrota para a promessa da aliança? Estas questões levaram a profundas transformações na prática e pensamento religiosos.
Durante o Exílio Babilônico (586-538 AEC), novas instituições e práticas emergiram que permitiriam ao Judaísmo sobreviver sem o Templo:
– Sinagogas: Locais de reunião para oração, estudo e leitura da Torah começaram a se desenvolver.
– Ênfase na Torah: O estudo e observância da lei escrita ganhou nova importância.
– Oração: Começou a substituir o sacrifício como forma primária de adoração.
– Observância do Shabat e Circuncisão: Estas práticas que podiam ser realizadas sem o Templo tornaram-se marcadores cruciais de identidade judaica.
Profetas como Ezequiel e o Segundo Isaías ofereceram mensagens de esperança durante este período sombrio, prometendo eventual restauração e um relacionamento renovado com Deus.
🕍O Segundo Templo: Restauração e Transformações
Retorno e Reconstrução
Em 539 AEC, Ciro, o Grande, da Pérsia conquistou a Babilônia. No ano seguinte, ele emitiu um decreto permitindo que os judeus exilados retornassem a Judá e reconstruíssem o Templo. Este ato, celebrado na Bíblia como cumprimento de profecias, foi consistente com a política persa de respeito às tradições religiosas locais em seu vasto império.
O retorno ocorreu em várias ondas, começando com um grupo liderado por Sheshbazzar e posteriormente Zorobabel (um descendente da linhagem davídica) e o Sumo Sacerdote Josué. Estes repatriados enfrentaram condições difíceis: a terra estava empobrecida, havia tensões com populações que haviam se estabelecido na área durante o exílio, e recursos eram escassos.
A reconstrução do Templo, iniciada logo após o retorno, enfrentou oposição de samaritanos e outros grupos locais, levando a atrasos. Encorajados pelos profetas Ageu e Zacarias, os trabalhos foram retomados com vigor, e o Segundo Templo foi concluído e dedicado em 516 AEC – exatamente 70 anos após a destruição do Primeiro Templo, como profetizado por Jeremias.
O Segundo Templo inicial era uma estrutura mais modesta que seu predecessor. De acordo com o livro de Esdras, alguns dos anciãos que haviam visto o Primeiro Templo choraram ao ver as fundações do novo templo, presumivelmente desapontados com sua escala reduzida.
O Período Persa e Helenístico
Durante o Período Persa (538-332 AEC), Judá (agora chamada Yehud) era uma pequena província no vasto Império Persa. Embora politicamente subordinada, gozava de considerável autonomia religiosa. Este período viu desenvolvimentos significativos:
– A missão de Esdras (por volta de 458 AEC), que enfatizou o estudo e observância da Torah.
– A governança de Neemias (por volta de 445 AEC), que reconstruiu as muralhas de Jerusalém e implementou reformas sociais e religiosas.
– A codificação e canonização de muitos textos que se tornariam parte da Bíblia Hebraica.
– O desenvolvimento de instituições comunitárias como a Grande Assembleia (Knesset HaGedolah), tradicionalmente vista como precursora do posterior Sinédrio.
Em 332 AEC, Alexandre, o Grande, conquistou a região como parte de sua campanha contra o Império Persa. Após sua morte prematura, seus generais dividiram o império, com Judá inicialmente sob controle ptolemaico (baseado no Egito) e posteriormente sob domínio selêucida (baseado na Síria).
O Período Helenístico trouxe profundas influências culturais gregas para a região. Muitos judeus, particularmente entre as classes urbanas e educadas, adotaram aspectos da cultura grega, incluindo língua, vestuário, e algumas práticas sociais, enquanto mantinham sua identidade religiosa judaica. Outros resistiram à helenização, vendo-a como ameaça à pureza da tradição judaica.
A Revolta dos Macabeus e o Reino Hasmoneu
A tensão entre judaísmo tradicional e influências helenísticas explodiu em conflito aberto durante o reinado do rei selêucida Antíoco IV Epifânio. Em 167 AEC, Antíoco, enfrentando problemas financeiros e políticos, saqueou o Templo, proibiu práticas judaicas como circuncisão e observância do Shabat, e profanou o altar do Templo sacrificando porcos e instalando uma estátua de Zeus.
Estas ações provocaram a Revolta dos Macabeus, liderada pelo sacerdote Matatias e seus cinco filhos, particularmente Judas (apelidado “Macabeu” ou “Martelo”). Após uma série de campanhas de guerrilha surpreendentemente bem-sucedidas contra forças selêucidas muito superiores, os Macabeus reconquistaram Jerusalém em 164 AEC.
Eles purificaram e rededicaram o Templo, um evento comemorado até hoje na festa de Chanucá. De acordo com a tradição talmúdica, quando foram reacender a menorá do Templo, encontraram apenas um pequeno frasco de óleo ritualmente puro, suficiente para um dia, mas milagrosamente durou oito dias até que novo óleo pudesse ser preparado.
O sucesso militar dos Macabeus levou ao estabelecimento de uma dinastia judaica independente, os Hasmoneus, que governaram por aproximadamente um século (164-63 AEC). Inicialmente líderes religiosos (Sumos Sacerdotes), os Hasmoneus eventualmente assumiram também o título de rei, para consternação de muitos judeus que acreditavam que a realeza deveria ser reservada para descendentes de Davi.
O período Hasmoneu foi marcado por expansão territorial, forçando a conversão de povos vizinhos (como os idumeus), e crescentes tensões internas entre facções religiosas:
1° Fariseus: Enfatizavam a observância meticulosa da lei escrita e oral, e desenvolveram interpretações que permitiam adaptação a novas circunstâncias.
2° Saduceus: Geralmente associados com a aristocracia sacerdotal, aceitavam apenas a Torah escrita como autoritativa e rejeitavam conceitos como ressurreição e anjos.
3° Essênios: Uma seita que se retirou para comunidades isoladas (como Qumran), praticando vida comunal e ritual de pureza rigoroso, aguardando intervenção divina apocalíptica.
O Período Romano e a Expansão do Templo por Herodes
Em 63 AEC, o general romano Pompeu, arbitrando uma disputa sucessória entre irmãos hasmoneus, tomou Jerusalém e incorporou Judeia ao crescente Império Romano. Embora os Hasmoneus inicialmente continuassem como governantes vassalos, seu poder foi gradualmente eclipsado.
A figura dominante do período romano inicial foi Herodes, o Grande, um idumeu (edomita) convertido ao judaísmo, que foi nomeado “Rei dos Judeus” pelo Senado Romano em 40 AEC e efetivamente tomou o poder em 37 AEC. Embora desprezado por muitos de seus súditos judeus como estrangeiro e colaborador romano, Herodes foi um construtor magnífico cujos projetos transformaram a paisagem de Judeia.
O projeto mais ambicioso de Herodes foi a expansão e reconstrução do Templo de Jerusalém, iniciada por volta de 20 AEC. Ele dobrou o tamanho do Monte do Templo criando enormes muros de contenção (dos quais o Muro Ocidental ou “Muro das Lamentações” é um remanescente) e preenchendo a área expandida. O Templo propriamente dito foi reconstruído com materiais luxuosos, e o complexo foi adornado com pórticos monumentais e pátios.
O Templo Herodiano era uma das maravilhas arquitetônicas do mundo antigo. Josefo, o historiador judeu-romano, escreveu que o exterior do santuário era coberto com placas de ouro que refletiam tão intensamente a luz do sol que os espectadores tinham que desviar o olhar. O complexo do Templo servia não apenas como centro religioso, mas também como centro cívico, mercado, e atração turística.
A construção continuou muito após a morte de Herodes em 4 AEC, com trabalhos finais sendo concluídos apenas por volta de 63 EC – ironicamente, apenas alguns anos antes de sua destruição.
Vida Religiosa no Período do Segundo Templo
O período do Segundo Templo viu desenvolvimentos cruciais que transformariam permanentemente o Judaísmo:
Canonização das Escrituras: A coleção de textos que se tornaria a Bíblia Hebraica (Tanakh) tomou forma, embora debates sobre a canonicidade de alguns livros continuassem até o primeiro século EC.
Surgimento do Judaísmo Rabínico: Os fariseus desenvolveram um sistema abrangente de interpretação da Torah que permitia sua aplicação a novas circunstâncias. Esta “Torah Oral” eventualmente seria codificada na Mishná e no Talmud, formando a base do Judaísmo Rabínico que sobreviveria à destruição do Templo.
Sinagogas: Embora o Templo permanecesse o centro supremo de adoração, sinagogas proliferaram como locais para oração comunitária, leitura da Torah, e estudo. Esta instituição descentralizada provaria crucial para a sobrevivência do Judaísmo após a destruição do Templo.
Literatura Apocalíptica: Textos como o Livro de Daniel e 1 Enoque refletiam esperanças de intervenção divina dramática para redimir Israel da opressão estrangeira.
Expectativas Messiânicas: Diversas concepções de um redentor ungido (messias) que restauraria a glória de Israel floresceram, desde visões de um guerreiro davídico que expulsaria os romanos até expectativas de uma figura celestial que inauguraria uma transformação cósmica.
Diáspora Expandida: Comunidades judaicas substanciais existiam em todo o mundo mediterrâneo e além, mantendo conexão com Jerusalém através de peregrinações e do imposto do Templo, mas também desenvolvendo tradições locais distintas.
A Grande Revolta e a Destruição do Segundo Templo
As tensões entre judeus e romanos escalaram durante o primeiro século EC, exacerbadas por governadores romanos insensíveis, divisões internas judaicas, e crescentes expectativas messiânicas. Em 66 EC, uma revolta eclodiu, inicialmente provocada por um conflito sobre taxação e rapidamente escalando para guerra total.
Os rebeldes inicialmente tiveram sucesso, derrotando a guarnição romana em Jerusalém e repelindo uma força expedicionária da Síria. Estes sucessos, no entanto, foram seguidos por lutas internas entre facções rebeldes rivais, enfraquecendo a resistência judaica.
Em 70 EC, após um cerco brutal, o general romano Tito (filho e futuro sucessor do imperador Vespasiano) capturou Jerusalém. O Templo foi incendiado e completamente destruído, apesar das ordens de Tito para poupá-lo. Josefo relata que o incêndio foi tão intenso que o ouro das decorações do Templo derreteu entre as pedras, levando os soldados romanos a desmontar o edifício pedra por pedra para recuperar o metal precioso – cumprindo literalmente a profecia de Jesus de que “não ficará pedra sobre pedra” (Marcos 13:2).
A destruição do Templo foi seguida pelo saque de Jerusalém, massacre ou escravização de muitos de seus habitantes, e a gradual supressão de bolsões remanescentes de resistência, culminando na queda de Massada em 73/74 EC.
Para comemorar sua vitória, os romanos cunharam moedas com a inscrição “Judaea Capta” (Judeia Capturada) e construíram o Arco de Tito em Roma, que retrata o saque dos tesouros do Templo, incluindo a menorá de sete braços que se tornou um símbolo duradouro do Judaísmo.
Legado e Significado Duradouro
A destruição do Segundo Templo em 70 EC marcou o fim de uma era e o início de uma transformação profunda no Judaísmo. Sem o Templo e seus sacrifícios, sem sacerdócio funcionando, e eventualmente sem autonomia política na terra ancestral, o Judaísmo teve que se reinventar para sobreviver.
Transformação do Judaísmo
Sob a liderança de Rabino Yochanan ben Zakkai e outros sábios que escaparam de Jerusalém antes de sua queda, o centro de aprendizado judaico foi reestabelecido em Yavneh (Jamnia). Ali, as fundações do Judaísmo Rabínico foram solidificadas:
1° Oração substituiu sacrifício: A liturgia foi desenvolvida como “sacrifícios dos lábios”, com os três serviços diários de oração correspondendo aos sacrifícios diários anteriores.
2° Estudo da Torah tornou-se central: A famosa declaração de Rabino Yochanan, “Dê-me Yavneh e seus sábios”, refletia a nova ênfase no estudo como forma de adoração.
3° Práticas domésticas ganharam importância: Observâncias como o Seder de Pessach, anteriormente complementares ao sacrifício do cordeiro pascal, tornaram-se o foco principal da celebração.
4° Sinagoga substituiu o Templo: Como instituição comunitária local, a sinagoga tornou-se o centro da vida religiosa judaica.
Esta transformação permitiu ao Judaísmo não apenas sobreviver, mas eventualmente florescer sem seu centro físico. Como observou o historiador Salo Baron, a destruição do Templo “libertou o Judaísmo das limitações de ser uma religião ligada a um lugar específico com um ritual sacrificial específico.”
Memória e Esperança
Apesar desta adaptação bem-sucedida, a memória do Templo nunca foi abandonada. Ela foi preservada através de:
1°Liturgia: Orações pela restauração do Templo e seu serviço foram incorporadas no serviço diário.
2°Práticas Comemorativas: O dia 9 de Av (Tisha B’Av) foi estabelecido como dia de luto pela destruição de ambos os Templos.
3°Orientação Espacial: Judeus em todo o mundo passaram a orar voltados para Jerusalém.
4°Leis Rituais: Muitas leis relacionadas ao Templo foram preservadas no estudo, mesmo quando não podiam ser praticadas.
5°Esperança Messiânica: A crença na eventual reconstrução do Templo em uma era messiânica futura tornou-se parte integral da escatologia judaica.
Referências Bibliográficas e Versículos
### Textos Sagrados
- Torá: 1 Reis 6-8 (Construção do Primeiro Templo), 2 Crônicas 36:15-21 (Destruição do Primeiro Templo)
- Profetas: Jeremias 7:1-15 (Sermão do Templo), Ezequiel 40-48 (Visão do Templo Futuro)
- Escritos: Salmos 137 (Lamento pelo Exílio), Esdras 1-6 (Retorno e Reconstrução)
- Talmud: Tratado Yoma (Ritual do Templo em Yom Kipur), Tratado Middot (Medidas do Templo)
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