Voltar ao Guia Completo CLIQUE AQUI
Por: David Havilá
📜Sucot – A Festa dos Tabernáculos: Encontrando Alegria na Fragilidade: Artigo 4
- Mal o som final do shofar de Yom Kipur se dissipa, deixando um eco de solenidade e purificação, o calendário judaico nos impulsiona para uma transformação emocional radical. Saímos do santuário interior da alma, do dia mais introspectivo do ano, para celebrar a vida ao ar livre, sob o céu aberto. Esta é Sucot, a Festa das Cabanas ou dos Tabernáculos, uma das três grandes festas de peregrinação (
Shalosh Regalim
). - Celebrada por sete dias, cinco dias após Yom Kipur, Sucot é uma explosão de alegria sensorial e espiritual. A tradição a chama, de forma muito apropriada, de
Zman Simchatênu
– “O Tempo da Nossa Alegria”. Mas esta não é uma alegria baseada na segurança e na opulência. Pelo contrário, é uma alegria que se descobre precisamente na vulnerabilidade, na simplicidade e na confiança. Compreender Sucot é mergulhar no paradoxo sublime que está no coração da fé judaica: encontrar a verdadeira segurança no reconhecimento de nossa fragilidade e a mais profunda alegria na gratidão pelas coisas simples da vida.
As Raízes da Festa: O Encontro da Terra e da História
Sucot, como muitas de nossas festas, tece magistralmente duas narrativas: a da natureza e a da história de nosso povo.
- Chag HaAssif (A Festa da Colheita): Em sua dimensão agrícola, Sucot é a grande festa da colheita de outono. É o momento em que os celeiros do antigo Israel estavam cheios, o fim de um ciclo de trabalho árduo. Era um tempo de gratidão transbordante pela abundância da terra, um reconhecimento de que nosso sustento vem, em última análise, da generosidade Divina manifestada na natureza.
- A Memória do Deserto: Ao mesmo tempo, a Torá nos ordena: “Sete dias habitareis em cabanas… para que as vossas gerações saibam que eu fiz habitar os filhos de Israel em cabanas, quando os tirei da terra do Egito.” (Levítico 23:42-43)
A festa nos transporta de volta no tempo, para os 40 anos de peregrinação no deserto. As cabanas frágeis em que vivemos durante a festa não são apenas um símbolo, mas uma reencenação física da vida de nossos ancestrais, que viviam em abrigos temporários, totalmente dependentes da proteção Divina — das Colunas de Nuvem e de Fogo que os guiavam e protegiam.
Sucot completa, assim, a narrativa das festas de peregrinação: em Pessach, nascemos como povo; em Shavuot, recebemos nossa constituição, a Torá; e em Sucot, aprendemos a lição da confiança e da fé durante a longa jornada para casa.
Observâncias e Rituais: A Experiência Vivida
A Sucá: O Abraço Divino
O ritual central e mais visível da festa é a construção da Sucá, uma cabana temporária. As leis para sua construção são repletas de significado:
- Paredes Frágeis: Ela deve ser uma estrutura temporária, para que nunca a confundamos com nosso lar permanente.
- Teto de Folhagem (
S'chach
): O teto deve ser feito de material vegetal desconectado do solo, como galhos e folhas. Deve ser denso o suficiente para dar mais sombra do que sol, mas com frestas que nos permitam ver as estrelas, lembrando-nos de que nosso verdadeiro teto protetor é o próprio Céu. - O Mandamento de “Habitar”: A
mitzvá
é “habitar” na sucá. Isso significa levar nossa vida para dentro dela: comer nossas refeições, estudar, conversar com amigos e família. É um ato de desarmamento existencial, de deixar para trás a falsa segurança de nossas casas de concreto para experimentar uma confiança mais profunda.
A Sucá torna-se um espaço sagrado de hospitalidade. Temos o belo costume de convidar os Ushpizin, sete “convidados” místicos ancestrais (Abraão, Isaac, Jacó, Moisés, Aarão, José e Davi) para se juntarem a nós, um a cada noite. Esta tradição nos ensina que nossas cabanas frágeis se tornam palácios quando preenchidas com a presença de nossa herança e a companhia de entes queridos.
As Quatro Espécies: A Unidade do Povo
Outro ritual central é a bênção sobre as Arba’at HaMinim (As Quatro Espécies). Conforme ordenado em Levítico, pegamos quatro tipos de plantas:
- Etrog: Uma cidra, um belo fruto cítrico.
- Lulav: Um ramo fechado de tamareira.
- Hadassim: Três ramos de murta.
- Aravot: Dois ramos de salgueiro.
Seguramos o lulav (os três ramos amarrados juntos) na mão direita e o etrog na esquerda e, ao recitar a bênção, nós os unimos e os agitamos nas seis direções do mundo (frente, trás, direita, esquerda, cima e baixo), proclamando a soberania de Deus sobre toda a criação.
Nossos Sábios ofereceram uma interpretação comovente para este ritual. As quatro espécies representam quatro tipos de judeus:
- O Etrog, que tem sabor e aroma, representa aquele que tem conhecimento da Torá e pratica boas ações.
- O Lulav (tâmara), que tem sabor, mas não aroma, representa aquele que tem conhecimento, mas lhe faltam as ações.
- O Hadassim (murta), que tem aroma, mas não sabor, representa aquele que pratica boas ações, mas não tem conhecimento.
- A Aravot (salgueiro), que não tem sabor nem aroma, representa aquele que não tem nem conhecimento nem boas ações.
A lição? A mitzvá
só pode ser cumprida quando todos os quatro são mantidos juntos. Não podemos ser uma comunidade completa se falta um de nós. Sucot nos ensina sobre a beleza da unidade na diversidade.
Shemini Atzeret e Simchat Torá: A Alegria que Transborda
Imediatamente após os sete dias de Sucot, celebramos Shemini Atzeret (O Oitavo Dia de Assembleia). A tradição o descreve com uma bela parábola: um rei convida seus filhos para um banquete de sete dias. Ao final, ele diz: “Kasheh alai preidatchem” — “Sua partida é difícil para mim. Por favor, fiquem comigo mais um dia.” É um dia de intimidade especial com o Divino, quando recitamos a Oração pela Chuva (Tefilat Geshem
), marcando a transição para a estação chuvosa em Israel.
Na Diáspora, o segundo dia de Shemini Atzeret é Simchat Torá (Alegria da Torá), uma das celebrações mais exuberantes do ano. Neste dia, concluímos o ciclo anual de leitura da Torá, lendo a última porção de Deuteronômio, e imediatamente começamos de novo, com a primeira porção de Gênesis. Esta transição imediata nos ensina que o estudo da Torá nunca termina; é um ciclo eterno de aprendizado e descoberta.
As sinagogas se enchem de canto e dança extasiada. Todos os rolos da Torá são retirados da Arca Sagrada e carregados em sete procissões circulares, as Hakafot. Homens, mulheres e crianças dançam com a Torá, beijando-a e celebrando-a não como um texto pesado, mas como uma fonte de vida e alegria, nosso parceiro de dança mais querido.
Temas e Significados: Lições da Cabana
Alegria na Vulnerabilidade
O paradoxo de Sucot é sua maior lição. Como pode a festa mais alegre do ano ser celebrada na morada mais frágil? A festa nos ensina que a verdadeira alegria não vem da segurança material, mas da confiança espiritual. Ao reconhecermos nossa vulnerabilidade, abrimos espaço para a gratidão. Percebemos que as coisas que realmente importam fé, família, comunidade não estão contidas em paredes de pedra, mas em corações abertos.
Simplicidade e Gratidão
Numa cultura muitas vezes obcecada pelo consumismo, Sucot é um antídoto radical. Ela nos convida a deixar o conforto de nossas casas para experimentar a suficiência. A festa nos ensina que a felicidade genuína não é encontrada na acumulação, mas na apreciação das bênçãos fundamentais: um teto sobre nossas cabeças (mesmo que seja de folhas), o alimento em nossa mesa e a companhia daqueles que amamos.
Universalismo e Hospitalidade
Sucot tem uma notável dimensão universal. Durante a era do Templo, 70 touros eram oferecidos em sacrifício, correspondendo às 70 nações do mundo. A profecia de Zacarias prevê um futuro messiânico em que todas as nações virão a Jerusalém para celebrar Sucot. A festa nos lembra de nossa responsabilidade não apenas por nossa própria comunidade, mas pelo bem-estar de toda a humanidade.
A Sabedoria da Impermanência
Sucot permanece uma festa profundamente relevante porque nos confronta com as verdades mais fundamentais da condição humana. Em um mundo que nos promete segurança através da tecnologia, riqueza e poder, a sucá nos sussurra sobre a beleza da impermanência e a força encontrada na fé.
A festa de Sucot tem um ensinamento maravilhoso, temos que fazer uma pausa, sair de nossas bolhas de conforto e olhar para as estrelas através de um teto de folhas. Ao fazê-lo, somos lembrados de que somos todos peregrinos nesta vida, abrigados sob a proteção de um amor Divino que é muito mais forte do que qualquer parede que possamos construir. É neste reconhecimento de nossa fragilidade que descobrimos a mais profunda e duradoura alegria.
Referencias de Textos Sagrados
- Torá: Levítico 23:33-43 (Leis de Sucot), Números 29:12-38 (Oferendas de Sucot)
- Deuteronômio16:13-15 (Mandamento de regozijar-se),Neemias8:13-18 (Celebração após o Exílio)
- Zacarias14:16-19 (Visão universal de Sucot),Eclesiastes(Leitura tradicional de Sucot)
- Talmude: Tratado Sucá (Leis e conceitos detalhados de Sucot)
Aprofunde seus Conhecimentos com Nossos Cursos
Se você ficou fascinado com o artigo,Sucot – A Festa dos Tabernáculos: Encontrando Alegria na Fragilidade e deseja aprofundar seus conhecimentos, o Instituto David Havilá oferece cursos especializados que exploram estes ensinamentos da história judaica em toda sua riqueza e complexidade.
Visite Instituto David Havilá (CLIQUE AQUI)
Também temos curso de Cabalá que você pode começar ainda hoje a Transformar sua realidade e aprenda a lidar com energias negativas! Descubra os segredos cabalísticos para proteger seu campo energético e viver com mais leveza. O “Guia Contra Energias Negativas” é um curso prático e acessível, mesmo para quem não tem conhecimento prévio em Cabalá. Com apenas 15 minutos por dia, você aprenderá técnicas eficazes para blindar-se e atrair positividade. Clique aqui e comece sua jornada de transformação:
Visite Guia Contra Energias Negativas
para conhecer todos os nossos cursos e iniciar sua jornada de aprendizado e crescimento espiritual.