Voltar ao Guia Completo CLIQUE AQUI
Por: David Havilá
📜Rosh Hashaná e Yom Kipur: A Viagem da Alma: Desvendando a Essência Dessas Festas: Artigo 3
- No coração do ciclo judaico, existe um portal no tempo, um período de dez dias onde o céu e a terra se tocam de uma forma única e profunda. Estes são os Yamim Noraim, os “Dias de Temor” ou, mais precisamente, “Dias de Reverência”. Este não é um tempo de medo paralisante, mas de um assombro existencial, um chamado que ecoa desde a criação do mundo e ressoa no âmago de cada alma. Este período, que se inicia com Rosh Hashaná e culmina em Yom Kipur, não é sobre celebrar a história ou a colheita; é sobre a própria essência da existência: a nossa relação íntima com o Criador, com nossa comunidade e, fundamentalmente, com nós mesmos.
A Preparação: O Rei está no Campo
Antes mesmo que o primeiro som do Shofar anuncie o Ano Novo, a jornada começa. O mês que antecede Rosh Hashaná, o mês de Elul, é um tempo de preparação. A Cabalá nos ensina uma bela metáfora: durante o ano, o Rei está em Seu palácio, acessível apenas através de protocolos e intermediários. Em Elul, porém, “o Rei está no campo”. Ele sai ao nosso encontro, com um sorriso aberto, permitindo que qualquer um se aproxime. Este é o tempo da cheshbon hanefesh, a “contabilidade da alma”, um balanço honesto e compassivo de nossas ações, guiado pelo versículo de Isaías: “Buscai ao Senhor enquanto se pode achar, invocai-o enquanto está perto” (Isaías 55:6), que nossos Sábios interpretam como uma referência direta a este período especial.
Rosh Hashaná: A Coroação do Rei e a Semente do Futuro
Rosh Hashaná, a “Cabeça do Ano”, é o aniversário da humanidade e de nossa missão neste mundo. Curiosamente, a Torá não o chama de “Ano Novo”. Sua designação primária é Yom Teruah (Dia do Toque do Shofar), conforme ordenado: “No sétimo mês, no primeiro dia do mês, tereis descanso solene, memorial com sonido de trombetas, santa convocação.” (Levítico 23:24).
1. O Dia do Julgamento (Yom HaDin) e a Coroação (Haktará)
A imagem de um julgamento divino é central. Como a oração Unetanê Tokef descreve poeticamente: “Em Rosh Hashaná está escrito, e em Yom Kipur é selado… quem viverá e quem morrerá…”. No entanto, este julgamento está intrinsecamente ligado à nossa liberdade de escolha. Como o grande mestre Maimônides afirma, “a cada pessoa é dada a liberdade… se ela deseja se inclinar para o caminho do bem e ser justa, a escolha é sua”. Em Rosh Hashaná, nós ativamente coroamos D’us como nosso Rei, realinhando nosso propósito com o propósito Divino. O julgamento, portanto, não é sobre punição, mas sobre clareza e a oportunidade de mudar o rumo, pois, como a mesma oração conclui, “o arrependimento (Teshuvá), a prece (Tefilá) e a caridade (Tzedaká) removem a severidade do decreto”.
2. O Sopro da Alma: O Significado Místico do Shofar
O mandamento central de Rosh Hashaná é ouvir o som do Shofar. Por que este som primitivo, sem palavras? Porque o Shofar é o grito da alma.
- Tekiá (o som longo): É o chamado da coroação, o despertar da alma.
- Shevarim (os três sons de suspiro): É o coração que se quebra ao perceber sua distância da Fonte.
- Teruá (os nove ou mais sons curtos): É o choro compulsivo, a urgência de retornar.
O Shofar quebra as klipot, as cascas espirituais de indiferença que construímos ao redor de nossos corações. Ele nos recorda do carneiro sacrificado no lugar de Isaac, um símbolo de entrega total, e da Revelação no Sinai, reafirmando nosso pacto com o Eterno.
3. Os Alimentos Simbólicos e o Tashlich
Mergulhamos a maçã no mel pedindo um ano bom e doce. A chalá redonda simboliza o ciclo da vida e a coroa do Rei. Na tarde do primeiro dia, muitos realizam o Tashlich (“lançar”), um ritual onde simbolicamente lançamos nossos pecados em um corpo de água, uma expressão física do versículo: “Tornará a apiedar-se de nós; pisará aos pés as nossas iniquidades, e lançará todos os nossos pecados nas profundezas do mar.” (Miquéias1 7:19).
Os Dez Dias de Retorno (Aseret Yemei Teshuvá)
O veredito é escrito em Rosh Hashaná, mas o selo só é afixado em Yom Kipur. Os dez dias entre eles são um presente, uma oportunidade extraordinária para o retorno (Teshuvá). O Shabat neste período, chamado Shabat Shuvá (Shabat do Retorno), possui uma santidade especial, impulsionando-nos para o clímax da jornada com a leitura profética que o nomeia: “Retorna, ó Israel, até o Senhor, teu D’us” (Oséias 14:2).
Yom Kipur: O Dia da Unidade Essencial
Yom Kipur, o “Dia do Perdão”, é o ápice da nossa jornada, descrito na Torá como Shabat Shabbaton (o Shabat dos Shabats). A Torá estabelece: “Porque neste dia se fará expiação por vós, para purificar-vos; de todos os vossos pecados sereis purificados perante o Senhor.” (Levítico 16:30).2
1. Além do Perdão: Expiação e Unidade
A palavra Kipur tem a mesma raiz de Kaporet, a tampa de ouro puro que cobria a Arca da Aliança. Yom Kipur “cobre” e purifica nossas transgressões, revelando que, em nossa essência, a alma jamais foi maculada. Vestimo-nos de branco, lembrando a promessa: “Ainda que vossos pecados sejam como a escarlata, eles se tornarão brancos como a neve” (Isaías 1:18).
No entanto, a tradição é clara. A Mishná (Yoma 8:9) ensina: “Para transgressões entre uma pessoa e D’us, Yom Kipur expia; mas para transgressões entre uma pessoa e seu próximo, Yom Kipur não expia até que ela se reconcilie com seu próximo.” A reparação dos nossos relacionamentos é um pré-requisito para a paz com o Céu.
2. As Cinco Aflições e a Confissão Coletiva (Vidui)
As cinco proibições de Yom Kipur não são punições, mas atos de separação consciente do físico para permitir que a alma brilhe. Como expressou o Rabino Joseph Soloveitchik, em Yom Kipur buscamos transcender nossa natureza física. Ao longo do dia, recitamos o Vidui (confissão) no plural (“Nós fomos culpados…”), enfatizando nossa responsabilidade coletiva.
3. Neilá: O Fechar dos Portões
O serviço final, Neilá (“o fechamento”), é o momento de maior intensidade. Confrontados com nossa mortalidade, como nos lembra o Salmo “Ensina-nos a contar nossos dias, para que possamos obter um coração sábio” (Salmos 90:12), fazemos um último apelo amoroso. O som final do Shofar não é de alarme, mas de triunfo. A jornada está completa. O selo foi afixado.
Um Novo Começo
Emergimos de Yom Kipur transformados. Como observou o Rabino Abraham Joshua Heschel, “Os Dias de Temor não são sobre fazer D’us lembrar-se de nós. Eles são sobre nos fazer lembrar de D’us.” É um retorno ao nosso propósito mais profundo. Como o Rabino Jonathan Sacks ensinou, o perdão nos liberta do passado para construir o futuro.
Através deste ciclo anual, a tradição judaica nos oferece uma ferramenta poderosa para o crescimento, reconhecendo que todos nós falhamos, mas que também possuímos uma capacidade infinita para a mudança e para um novo começo.
Textos Sagrados:
Torá: Levítico 16 (Ritual de Yom Kipur); Levítico 23:23-32 (Leis dos Dias Solenes).
Profetas (Neviim): Isaías 55, 58; Oséias 14; Jonas; Miquéias 7.
Escritos (Ketuvim): Salmos 27, 90, 130.
Talmud: Tratado de Rosh Hashaná.
Mishná: Tratado de Yoma.
Obras Fundamentais:
Maimônides (Rambam): Mishneh Torah, “Leis da Teshuvá”.
Aprofunde seus Conhecimentos com Nossos Cursos
Se você ficou fascinado com o artigo,Rosh Hashaná e Yom Kipur: A Viagem da Alma: Desvendando a Essência Dessas Festas e deseja aprofundar seus conhecimentos, o Instituto David Havilá oferece cursos especializados que exploram estes ensinamentos da história judaica em toda sua riqueza e complexidade.
Visite Instituto David Havilá (CLIQUE AQUI)
Também temos curso de Cabalá que você pode começar ainda hoje a Transformar sua realidade e aprenda a lidar com energias negativas! Descubra os segredos cabalísticos para proteger seu campo energético e viver com mais leveza. O “Guia Contra Energias Negativas” é um curso prático e acessível, mesmo para quem não tem conhecimento prévio em Cabalá. Com apenas 15 minutos por dia, você aprenderá técnicas eficazes para blindar-se e atrair positividade. Clique aqui e comece sua jornada de transformação:
Visite Guia Contra Energias Negativas
para conhecer todos os nossos cursos e iniciar sua jornada de aprendizado e crescimento espiritual.