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Por: David Havilá
📜Uma Jornada Através da Alma e do Tempo: – Introdução
- As festas judaicas (em hebraico,
chagim
) são o coração pulsante da vida judaica. Elas constituem uma “arquitetura do tempo”, uma catedral sagrada construída não no espaço, mas ao longo do ciclo anual. Cada celebração é um encontro profundo com a história, os valores e a espiritualidade de um povo, marcando o calendário com momentos de alegria, reflexão, memória e renovação. - Neste artigo, faremos uma jornada pelas principais festas estabelecidas na Torá — as
Yamim Noraim
(Dias de Contemplação) e asShalosh Regalim
(Três Festas de Peregrinação) — e também exploraremos as celebrações e dias memoriais que iluminam o calendário, conectando o judeu contemporâneo a uma herança de milênios.
O Calendário Judaico: Um Ritmo Próprio
Para entender as festas, é preciso primeiro conhecer o calendário hebraico. É um calendário lunissolar, que busca harmonizar os ciclos da lua (que definem os meses) com os ciclos do sol (que definem as estações do ano). É por isso que as datas das festas judaicas variam em relação ao calendário gregoriano, embora sempre ocorram na mesma estação. Este sistema engenhoso garante que Pessach, por exemplo, seja sempre uma festa da primavera, como a Torá ordena.
As Grandes Festas: Pilares do Ano Judaico
O ciclo anual é ancorado por festas de magnitude bíblica, divididas em duas categorias principais.
I. Os Dias de Contemplação (Yamim Noraim)
O outono traz um período de dez dias de intensa introspecção e julgamento, conhecido como os Dias Temíveis.
Rosh Hashaná (Ano Novo Judaico) – O Dia do Julgamento
- Data (2025): Início ao pôr do sol de 2 de Outubro, término ao anoitecer de 4 de Outubro.
- Significado: O Aniversário da Criação, Dia do Julgamento.
Rosh Hashaná, a “Cabeça do Ano”, não é uma celebração de alegria efusiva, mas um tempo solene de profunda reflexão. A tradição ensina que neste dia, Deus, como um Rei justo, senta-se em Seu trono de julgamento para avaliar as ações de toda a humanidade e inscrever o destino de cada um no Livro da Vida para o ano que se inicia.
O som penetrante do Shofar (chifre de carneiro) é o clímax da liturgia. Seus toques Tekiah
(um som longo e direto), Shevarim
(três sons quebrados) e Teruah
(nove sons curtos e alarmantes) — funcionam como um despertador espiritual, um chamado ao arrependimento (teshuvá
) e um lembrete da coroação de Deus como Rei do universo.
As refeições festivas são repletas de simbolismo, com o costume de mergulhar maçãs em mel para augurar um ano novo doce e comer romãs, cujas inúmeras sementes representam o desejo de um ano repleto de mitzvot
(mandamentos).
A liturgia de Rosh Hashaná é construída em torno de três temas centrais: Malchuyot (Realeza), que afirma a soberania de Deus; Zichronot (Lembranças), que evoca a memória da aliança de Deus com Israel; e Shofarot (Toques do Shofar), que recorda a revelação no Sinai e anuncia a futura redenção messiânica.
Yom Kipur (Dia do Perdão) – O Dia Mais Sagrado
- Data (2025): Início ao pôr do sol de 11 de Outubro, término ao anoitecer de 12 de Outubro.
- Significado: Expiação, Perdão e Purificação.
Dez dias após Rosh Hashaná, chegamos ao ápice dos Dias de Contemplação: Yom Kipur. É o dia mais sagrado do calendário, um “Shabat dos Shabats”. Neste dia, o destino selado no Livro da Vida é finalizado. É a última e mais intensa oportunidade para reconciliação.
A observância é marcada por um jejum de 25 horas (de comida e bebida) e outras cinco “aflições” que visam nos distanciar do mundo físico para focar inteiramente na alma. Muitos vestem branco, simbolizando a pureza de anjos e a mortalha, um lembrete da fragilidade humana.
As orações se estendem por todo o dia, começando com a solene e comovente oração Kol Nidrei na noite anterior. O coração da liturgia é o Vidui, a confissão de pecados, recitada no plural (“Nós pecamos…”), reforçando a noção de responsabilidade coletiva. A tradição ensina uma verdade fundamental:
“Yom Kipur expia os pecados entre o homem e Deus. Mas para os pecados entre uma pessoa e outra, Yom Kipur não expia até que se peça perdão ao próximo.” (Mishná, Yoma 8:9)
O dia termina com a oração de Ne’ilah (“fechamento dos portões”), uma súplica final antes que o julgamento seja selado. Um toque longo do shofar marca o fim do jejum, sinalizando um recomeço, com a alma purificada e renovada.
II. As Festas de Peregrinação (Shalosh Regalim)
A Torá designa três festas em que os israelitas peregrinavam ao Templo em Jerusalém. Elas marcam eventos cruciais na formação do povo judeu e também seguem o ciclo agrícola de Israel.
Pessach (Páscoa Judaica) – O Nascimento da Liberdade
- Data (2025): Início ao pôr do sol de 12 de Abril, término ao anoitecer de 20 de Abril. (A data de 22-30 de abril mencionada anteriormente parece incorreta para 2025, o início correto é em 12 de Abril).
- Significado: A Libertação da Escravidão no Egito.
Pessach, a Festa da Primavera, celebra o nascimento do povo judeu como nação livre. O nome refere-se ao ato de Deus “passar por cima” (pasach
) das casas israelitas durante a décima praga.
A celebração central é o Seder, uma refeição ritualística guiada pela Hagadá, que narra a história do Êxodo. A mesa do Seder é um mapa simbólico da jornada da escravidão à liberdade:
- Matzá (pão ázimo): O “pão da aflição”, comido porque não houve tempo para a massa fermentar na pressa da partida.
- Maror (ervas amargas): A amargura da escravidão.
- Charoset: Uma pasta doce que representa a argamassa do trabalho escravo.
- E outros símbolos como o Zeroa (osso) e a Beitzá (ovo), que nos conectam ao antigo Templo.
Durante os oito dias de Pessach (sete em Israel), abstém-se de possuir ou consumir chametz
(alimentos fermentados). A busca e queima do chametz
na véspera da festa é um ritual poderoso que simboliza a erradicação do orgulho e da soberba de nossas vidas. A mensagem central da festa é atemporal:
“Em cada geração, cada pessoa deve ver a si mesma como se ela própria tivesse saído do Egito.” (Hagadá de Pessach)
Shavuot (Festa das Semanas) – O Dom da Torá
- Data (2025): Início ao pôr do sol de 1 de Junho, término ao anoitecer de 3 de Junho. (A data de 11-12 de junho mencionada anteriormente parece incorreta para 2025, o início correto é 1 de junho).
- Significado: A Entrega da Torá no Monte Sinai.
Exatamente sete semanas após Pessach, chegamos a Shavuot. O período de 49 dias que conecta as duas festas, conhecido como a Contagem do Ômer, simboliza a jornada da libertação física (Pessach) para a libertação espiritual (Shavuot). Se em Pessach nos tornamos um povo livre, em Shavuot recebemos nosso propósito e constituição: a Torá.
Originalmente uma festa da colheita do trigo, a tradição a celebra como o aniversário da revelação no Sinai. Os costumes incluem:
- Tikkun Leil Shavuot: Muitos passam a noite inteira estudando a Torá, em preparação para reviver a experiência de receber a Lei.
- Alimentos Lácteos: É costume comer laticínios, como cheesecake e blintzes, simbolizando a “terra que mana leite e mel” e a pureza da Torá.
- Leitura do Livro de Rute: A história de Rute, uma moabita que abraçou o Judaísmo por amor, é lida, ecoando a aceitação voluntária da Torá por todo o povo de Israel no Sinai.
Sucot (Festa das Cabanas) – A Alegria da Proteção Divina
- Data (2025): Início ao pôr do sol de 6 de Outubro, término ao anoitecer de 13 de Outubro.
- Significado: Comemoração da proteção de Deus no deserto.
Cinco dias após a solenidade de Yom Kipur, o calendário nos mergulha na alegria contagiante de Sucot. Conhecida como Zeman Simchatênu
(“O Tempo da Nossa Alegria”), esta festa da colheita nos lembra da jornada de 40 anos pelo deserto.
O principal mandamento é “habitar” em uma Sucá, uma cabana frágil e temporária, com um teto de folhagens que permite ver as estrelas. Comer na sucá nos ensina sobre a vulnerabilidade da vida e a nossa dependência da proteção divina, não das paredes de nossas casas.
Outro ritual central é a bênção sobre as Arba’at HaMinim (Quatro Espécies): o etrog
(cidra), o lulav
(ramo de palmeira), os hadassim
(murta) e as aravot
(salgueiro). Juntas, elas são agitadas em todas as direções, simbolizando a onipresença de Deus.
Sucot termina com os dias festivos de Shemini Atzeret e Simchat Torá, uma celebração exuberante que marca o fim do ciclo anual de leitura da Torá e seu reinício imediato, com danças e cantos na sinagoga.
Festas Menores e Dias Memoriais
Estes dias, embora não ordenados na Torá, comemoram eventos cruciais na história judaica pós-bíblica.
Chanucá (Festa das Luzes)
- Data: A partir de 25 de Kislev (geralmente Dezembro).
- Significado: A vitória dos Macabeus e o milagre do óleo.
Chanucá celebra a vitória militar e espiritual dos Macabeus contra o império Greco-Sírio no século II AEC, que tentou suprimir o Judaísmo. A festa comemora a rededicação do Templo de Jerusalém e o milagre de uma pequena quantidade de óleo que queimou por oito dias. O acendimento da chanukiá (candelabro de nove braços) a cada noite, “publicando o milagre”, é o ritual central. É uma celebração da liberdade religiosa, da identidade judaica e da vitória da luz sobre as trevas.
Purim
- Data: 14 de Adar (geralmente Março).
- Significado: A salvação do povo judeu na Pérsia, narrada no Livro de Ester.
Purim é a celebração mais carnavalesca do calendário, comemorando a anulação de um decreto de genocídio. As quatro mitzvot
do dia são:
- Leitura da Meguilá (Rolo de Ester), com barulho para apagar o nome do vilão Hamã.
- Mishloach Manot: Envio de cestas de comida a amigos.
- Matanot La’evyonim: Doações aos pobres.
- Seudat Purim: Uma refeição festiva.
Com fantasias e celebrações, Purim explora temas de identidade oculta, inversão de sortes e a providência divina que age por trás das cenas.
Dias Modernos de Memória e Celebração
O século XX adicionou novos dias ao calendário, refletindo as tragédias e triunfos da história recente:
- Yom HaShoá: O Dia em Memória do Holocausto, um dia solene de recordação dos seis milhões de judeus assassinados e da resistência judaica.
- Yom HaZikaron: O Dia em Memória dos Soldados Caídos de Israel e Vítimas do Terror.
- Yom HaAtzmaut: O Dia da Independência de Israel, que celebra o renascimento da soberania judaica em 1948, uma transição dramática do luto à celebração.
O Significado das Festas na Vida Judaica
As festas judaicas são muito mais do que feriados. Elas são a estrutura que dá forma à memória, identidade e comunidade judaica. Elas transformam a história em experiência vivida, fortalecem os laços familiares e comunitários e oferecem um ritmo anual para a renovação espiritual e moral.
Ao mesmo tempo, elas demonstram a incrível capacidade de adaptação do Judaísmo. Cada geração encontra novos significados e relevância nessas celebrações antigas, aplicando suas lições eternas aos desafios do presente. Elas são a prova de que o Judaísmo não é uma religião de monumentos de pedra, mas uma civilização vibrante construída na arquitetura sagrada do tempo.
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