Festas Menores e Dias Memoriais no Judaísmo (Purim)

Por: David Havilá 

  • Purim remonta ao relato do Livro de Ester, onde o povo judeu no Império Persa foi alvo de um plano de extermínio arquitetado pelo ministro Hamã. Por meio da coragem da rainha Ester — que oculta sua identidade judaica — e da sabedoria de seu primo Mordecai, o decreto maligno é revertido, permitindo que os judeus se defendam e triunfem sobre seus inimigos.
  • Embora o Livro de Ester não mencione explicitamente o Nome Divino, a Providência se revela nas reviravoltas improváveis que conduzem à salvação. O termo “Purim” deriva de pur, os lotes lançados por Hamã para escolher a data do massacre planejado — um símbolo de que até o acaso está sob o domínio do Divino.

Purim — A Celebração da Salvação

“Foi no décimo segundo mês, que é o mês de Adar, no décimo terceiro dia, que o edito de Hamã se espalhou. No décimo terceiro dia do mesmo mês, comeram e se embriagaram, e no décimo quarto dia descansaram e se alegraram.”
(Ester 9:18-19)

Leitura da Meguilá (Meguilat Ester)

A pedra angular de Purim é a leitura pública da Meguilá, tanto à noite quanto na manhã do 14 de Adar (ou 15 de Adar em cidades muradas, no Shushan Purim). A tradição manda que, ao ouvir o nome de Hamã, a congregação faça barulho com matracas (ra’ashanim) ou qualquer instrumento, simbolizando a erradicação de seu nome — conforme o mandamento bíblico de apagar a memória de Amalek, ancestral de Hamã (Deuteronômio 25:19).

Mishloach Manot e Matanot La’evyonim

Purim estabelece dois mandamentos de solidariedade:

  • Mishloach Manot: Envio de ao menos duas porções de alimentos prontos a pelo menos um destinatário, expressando amizade e união.
  • Matanot La’evyonim: Doação a pelo menos duas pessoas carentes, garantindo que todos compartilhem da alegria festiva.

Seudá Festiva (Banquete)

O dia de Purim é coroado por um banquete alegre, frequentemente regado a vinho. O Talmud afirma que se deve beber até não distinguir entre “amaldiçoado seja Hamã” e “abençoado seja Mordecai” (Meguilá 7b), indicação do espírito libertador de Purim.


Fantasias, máscaras e desfiles (Adloyada) refletem o tema de ocultamento e revelação presente na narrativa: Ester oculta sua fé, Deus permanece invisível, e o destino dos judeus muda de forma surpreendente. O Purimshpiel (peça humorística) e fantasias liberam a comunidade para expressar criatividade e alegria.

Delícias de Purim

  • Hamantaschen: Biscoitos triangulares recheados, simbolizando o chapéu ou orelhas de Hamã.
  • Kreplach: Bolinhos recheados, lembrando o oculto dentro do aparente.
  • Outras iguarias locais e vinhos festivos completam a mesa.

Antissemitismo e Resistência

Purim ilustra um dos primeiros relatos de antissemitismo genocida e exalta a força de um povo diante de ameaças existenciais. Em momentos sombrios da história, como o Holocausto, judeus encontraram em Purim um farol de esperança e resistência espiritual.

Identidade Oculta e Revelação Divina

A narrativa de Ester ecoa nas vidas daqueles que vivem sua fé discretamente. Deus, embora não nomeado, opera por trás das cenas, lembrando-nos que a Providência pode se manifestar no segredo dos eventos cotidianos.

Inversão e Alegria Transformadora

A queda do poderoso Hamã e a ascensão de Mordecai simbolizam a inversão dos papéis, permitindo um momento de catarse comunitária semelhante ao Carnaval um convite à alegria que cura feridas e reforça a união.

Evolução ao Longo dos Séculos

  • Época Talmúdica: Consolidação dos quatro mandamentos de Purim e aceitação da Meguilá como cânone.
  • Idade Média: Surgem Purims locais celebrando libertações específicas e proliferam os Purimshpeils.
  • Era Moderna: Purim assume dimensão nacional em Israel, comparável ao Carnaval no Brasil, e permanece um símbolo de resiliência.

Bibliografia e Referências

  1. Livro de Ester. Pentateuco e Meguilot.
  2. Talmud Babilônico, Meguilá 7b.
  3. Deuteronômio 25:17-19.




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