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Por: David Havilá
Recebemos então um conselho maravilhoso. “Não deixe que seu objetivo seja simplesmente se divertir” ao comer, beber e fazer outras coisas semelhantes, “e, portanto, escolha apenas alimentos, bebidas e coisas do tipo apetitosas”. Em vez disso, “busque o que é edificante” isto é, almeje o que nos enobrecerá, aprimorará nosso ser interior e nos aproximará do nosso objetivo final de compreender D’us, em vez do que apenas agradará nossos sentidos.
Se aquilo de que participamos “também for gratificante, que assim seja”, acrescenta Rambam; já que não há nada inerentemente errado nisso. Mas o outro lado da moeda é que, se essa mesma coisa “não for gratificante, que assim seja” também, e devemos participar dela com desenvoltura, com a ideia de que o mais importante é que isso nos permitirá melhorar a nós mesmos.
Há uma ou duas situações em que seríamos encorajados a escolher algo só porque era saboroso: por razões médicas — se, de alguma forma, perdêssemos o apetite e precisássemos comer algo particularmente bom para recuperá-lo; ou se ficássemos deprimidos e precisássemos “evitar isso ouvindo poemas e música, passeando em jardins e entre estruturas atraentes, ou sentando-nos diante de obras de arte atraentes e coisas do tipo”.
O mesmo vale para acumular riqueza, aliás (o que não é de todo errado, desde que o façamos com base em diretrizes haláchicas e legais). Podemos certamente fazê-lo, mas apenas “para adquirir coisas edificantes, para manter nosso bem-estar e para prolongar nossa vida o suficiente para compreender D’us e saber o máximo possível sobre Ele”.
No final, porém, nosso “objetivo em tudo isso deve ser nosso bem-estar físico (e emocional)” e não a experiência em si, para que possamos atingir nosso objetivo final com todo o vigor.
(Rambam termina aqui com um conselho interessante que ainda é válido hoje. “Na verdade”, ele acrescenta, “a prática da medicina tem muito a ver com virtudes, conhecer a Deus e compreender o que é a verdadeira bem-aventurança”, e assim permite que alguém busque uma vida de virtude e inteligência, ele diz por experiência própria, tendo sido ele próprio um médico.)
