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Por: David Havilá
Agora voltamos ao ponto em que começamos este capítulo, com uma discussão sobre o que diferenciava um profeta do outro e o papel que cada personagem desempenhava nisso.
Rambam ressalta que um profeta “tinha que ter adquirido todas as virtudes intelectuais”, ou seja, que ele tinha que ser brilhante, perspicaz e erudito. Mas ele só teria que ter adquirido “a maioria* das virtudes pessoais mais significativas”, não todas. Isso significa que, embora ele tivesse que ter sido uma pessoa boa e moral em todos os sentidos, não se esperava que ele fosse perfeito.
Dizem que ele devia estar contente e satisfeito com sua sorte na vida, em vez de se perturbar com isso e aquilo. E precisava controlar suas inclinações em geral. Mas não se esperava que ele “tivesse todas as virtudes pessoais e fosse totalmente isento de falhas”.
Afinal, “D’us apareceu a Salomão” (1 Reis 3:5) em determinado momento de uma profecia, mas Salomão era conhecido por sua indulgência. E o Rei Davi certamente também foi profeta, mas sabemos que ele foi cruel até certo ponto. (Na verdade, D’us não permitiu que ele construísse o Templo Sagrado por causa disso.) E aprendemos que o profeta Elias expressou raiva de vez em quando; e que o profeta Samuel tinha medo (de Saul), assim como nosso antepassado Jacó (de Esaú).
No entanto, os indivíduos de que estamos falando eram profetas e, portanto, alcançaram uma posição pessoal que Rambam chamou de “grande” em sua introdução a esta obra. Como poderiam ter sido sujeitos a tais características?
O ponto de Rambam é que, embora essas fossem certamente falhas de caráter, ainda assim não eram falhas fatais. Eram uma ou duas indicações de humanidade, de algo menos que perfeito, mas compreensível. (Existem certas falhas de caráter que são mais problemáticas, como veremos.)
No entanto, essas e outras características semelhantes eram chamadas de “telas”, pois bloqueavam a conexão individual do profeta com D’us . E qualquer profeta que exibisse duas ou três das características desequilibradas que abordamos anteriormente (ver Cap. 4) era considerado como alguém que via D’us por trás de duas ou três telas. Assim, a personalidade desempenhava um papel fundamental na diferenciação de um profeta de outro.
Exploraremos o caráter de Moisés sob essa luz também.
