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Por: David Havilá
📜Tu BiShvat – O Ano Novo das Árvores : Artigo 7
- Tu BiShvat, celebrado no 15º dia do mês hebraico de Shvat, é tradicionalmente conhecido como o “Ano Novo das Árvores” — uma data que, à primeira vista, parece apenas botânica, mas que guarda camadas profundas de significado espiritual, histórico e até ecológico.
Entre Raízes Antigas e Brotos do Futuro
Origens e Desenvolvimento
Originalmente, Tu BiShvat não era uma festividade no sentido pleno. Era uma data técnica, estabelecida para fins legais: marcar o momento em que começava um novo ciclo para o cálculo dos dízimos das frutas e para as leis de orlá — que proíbem o consumo dos frutos de uma árvore durante seus três primeiros anos. Como diz a Mishná (Rosh Hashaná 1:1), havia quatro “anos novos” no calendário judaico, sendo Tu BiShvat aquele relacionado às árvores. A disputa entre as escolas de Shamai e Hillel sobre se essa data deveria ser o 1º ou o 15º dia do mês foi decidida em favor da visão de Hillel.
Mas essa data é mais do que técnica. Em Israel, ela marca o momento em que a seiva começa a circular novamente dentro das árvores, após o inverno. Mesmo quando tudo ainda parece adormecido por fora, há vida despertando por dentro. É um lembrete silencioso, mas poderoso: o renascimento começa no invisível.
O Despertar Místico – Safed e o Seder de Frutas
Durante muitos séculos, Tu BiShvat permaneceu uma data menor, sem práticas ritualizadas. Mas no século XVI, um grupo de cabalistas liderado pelo Rabi Yitzchak Luria (o Arizal) e seus discípulos em Tzfat (Safed), no norte de Israel, ressignificaram completamente essa data.
Inspirados pelo modelo do Seder de Pessach, eles criaram um ritual místico para Tu BiShvat. Composto de leituras, bênçãos, taças de vinho e o consumo de frutas específicas — especialmente aquelas mencionadas como louvores da Terra de Israel — o Seder de Tu BiShvat passou a expressar uma profunda conexão entre o mundo físico e as esferas espirituais.
As frutas foram organizadas em categorias simbólicas, representando níveis da alma e aspectos das sefirot da Cabalá:
- Frutas com casca comestível e interior macio (como figos) representavam o mundo mais espiritual;
- Frutas com casca dura ou não comestível (como nozes) representavam os mundos mais densos, materiais;
- Cada taça de vinho — do branco ao tinto profundo — representava a transição do inverno à primavera, da potencialidade à manifestação.
Essa prática elevou o que era apenas uma referência agrícola a uma experiência mística, um momento de meditação sobre a criação, a abundância e o nosso lugar como jardineiros da Criação.
Raízes Nacionais: Tu BiShvat e o Sionismo
Com o advento do movimento sionista no século XX, Tu BiShvat ganhou nova vida. Tornou-se símbolo da reconexão com a terra ancestral. O Keren Kayemet LeIsrael (Fundo Nacional Judaico) adotou a data como o dia do plantio de árvores em Israel, especialmente em áreas que haviam sofrido com a desertificação ou destruição.
Plantar uma árvore em Tu BiShvat tornou-se um gesto carregado de significado: redimir a terra, reconstruir o lar judeu e afirmar a continuidade do povo que, por milênios, orou pelo retorno a Sião.
Nas escolas judaicas da diáspora, especialmente no pós-Holocausto, esse gesto ganhou ainda mais força. Plantar uma árvore em Israel passou a ser um símbolo de esperança, de raízes que não foram arrancadas, de um povo que continua a florescer.
Significados Contemporâneos – Ecologia Espiritual
Nos tempos atuais, Tu BiShvat passou por uma nova metamorfose. Muitas comunidades o celebram como o “Shabat da Ecologia” ou o “Dia da Terra Judaico”. Mais do que apenas plantar árvores, há uma crescente consciência de que a Torá tem uma mensagem profunda sobre sustentabilidade, respeito ao meio ambiente e o papel humano como guardião da Criação.
Textos bíblicos como “O homem é como a árvore do campo” (Devarim 20:19), ou as instruções para deixar a terra descansar a cada sete anos (Shemitá), apontam para uma ética ecológica milenar. Tu BiShvat tornou-se, assim, um momento para refletir:
- Como consumimos os recursos do planeta?
- O que significa “dominar” a natureza à luz da Torá?
- Estamos cuidando do mundo que herdamos ou apenas usufruindo dele?
Sedarim modernos de Tu BiShvat muitas vezes incluem leituras de fontes rabínicas, dados ambientais, orações pela proteção da Terra e compromissos com práticas sustentáveis.
Florescer com Propósito
Tu BiShvat nos convida a olhar para as árvores — não apenas como vegetação, mas como metáforas vivas da alma humana. Como as árvores, também temos raízes, troncos, galhos e frutos. Também atravessamos invernos interiores, e também precisamos de tempo para que a seiva volte a subir, para que possamos florescer.
Ao comer uma fruta com intenção, ao plantar uma árvore em Israel ou em nosso próprio quintal, ao refletir sobre nosso impacto no mundo, estamos participando de uma tradição milenar que liga terra e céu, corpo e alma, o agora e o eterno.
Tu BiShvat é o lembrete gentil de que mesmo no meio do inverno — literal ou simbólico — há sempre vida pulsando por dentro, esperando para brotar.
Fontes e Referências:
- Mishná Rosh Hashaná 1:1
- Sefer Pri Etz Hadar (Seder de Tu BiShvat cabalístico)
- Talmud Bavli, Ta’anit 23a
- Keren Kayemet LeIsrael (JNF)
- Rav Abraham Isaac Kook, “O Canto das Árvores”
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