Yom HaShoá Ve-HaGevurah “Dia da Lembrança do Holocausto e do Heroísmo”

Por: David Havilá 

  • Yom HaShoá Ve-HaGevurah (יום השואה והגבורה) – “Dia da Lembrança do Holocausto e do Heroísmo” – é uma data nacional em Israel dedicada à memória dos seis milhões de judeus assassinados na Shoá (Holocausto) pelos nazistas e seus colaboradores durante a Segunda Guerra Mundial. Também homenageia os atos de resistência armada e espiritual realizados por judeus sob opressão

Estabelecimento e Contexto

O Knesset (parlamento israelense) instituiu oficialmente Yom HaShoá em 1951, escolhendo o dia 27 do mês hebraico de Nissan, poucos dias após Pessach e uma semana antes de Yom HaZikaron (Dia da Memória dos Caídos em Guerras de Israel). Essa data foi escolhida para simbolizar a tensão entre destruição e renascimento nacional, pois ocorre no período do levante do Gueto de Varsóvia (abril de 1943) e antes do Dia da Independência de Israel (Yom HaAtzmaut).

A escolha dessa data também evitou conflitos com o calendário litúrgico tradicional, que reserva datas como Tishá BeAv para luto coletivo.


Observâncias em Israel

Em Israel, Yom HaShoá é marcado por rituais solenes:

  • Uma cerimônia estatal é realizada no Yad Vashem (Memorial do Holocausto, em Jerusalém) com discursos de sobreviventes, líderes nacionais e o acendimento de seis tochas em memória dos seis milhões.
  • Às 10h da manhã, sirenes tocam por dois minutos em todo o país. Todo o trânsito é interrompido, e as pessoas se levantam em silêncio respeitoso.
  • Escolas, bases militares e instituições públicas promovem cerimônias educativas e memoriais.

Observâncias na Diáspora

Fora de Israel, comunidades judaicas mantêm cerimônias com:

  • Leitura de nomes de vítimas (“Leitura dos Nomes”).
  • Acendimento de velas em memória dos seis milhões.
  • Entoamento de “El Malei Rachamim” e do “Kaddish”.
  • Testemunhos de sobreviventes do Holocausto e seus descendentes.
  • Apresentações artísticas, exibições e projeções de documentários.

Resistência e Heroísmo

Embora a imensa maioria das vítimas da Shoá tenha sido assassinada de forma brutal, Yom HaShoá também enfatiza a resistência – tanto armada quanto espiritual:

  • A Revolta do Gueto de Varsóvia (1943) é o símbolo máximo de resistência judaica organizada contra os nazistas (ver Eichmann em Jerusalém, de Hannah Arendt).
  • Manutenção da dignidade humana através do estudo da Torá em campos, cuidado com crianças e organização de ofícios religiosos clandestinos.

Fontes Judaicas e a Shoá

Embora o Holocausto seja um evento histórico moderno, muitos buscam compreensão à luz da tradição judaica:

  • Em Kohelet (Eclesiastes) 1:9, afirma-se que “não há nada novo debaixo do sol”, refletindo a repetição de sofrimentos ao longo da história.
  • O profeta Jeremias lamenta a destruição de Jerusalém (Lamentações 1:1): “Como está solitária a cidade outrora populosa!”
  • Em Devarim (Deuteronômio) 4:9, somos advertidos: “Somente guarda-te, e guarda bem tua alma, para que não te esqueças das coisas que os teus olhos viram… ensina-as a teus filhos e netos” – base para a transmissão da memória.

Desafios Contemporâneos

Com a passagem do tempo e o falecimento de sobreviventes, surgem novos desafios:

  • Como manter viva a memória sem a presença dos que testemunharam?
  • Como combater o negacionismo e o antissemitismo crescente?
  • Como inserir o Holocausto no currículo e na formação de identidade judaica das novas gerações?

Instituições como Yad Vashem e o Shoah Foundation da USC preservam testemunhos digitais e promovem programas educacionais globais.


Yom HaShoá, Yom HaZikaron e Yom HaAtzmaut: Uma Tríade de Memória Nacional

A sequência de datas no calendário hebraico moderno é altamente simbólica:

  • Yom HaShoá (27 de Nissan): memória da destruição.
  • Yom HaZikaron (4 de Iyar): memória dos que deram a vida por Israel.
  • Yom HaAtzmaut (5 de Iyar): celebração da independência.

Essa progressão da dor à esperança representa a história moderna do povo judeu: do horror da Shoá ao renascimento do Estado de Israel.


Yom HaShoá não é apenas uma memória do passado, mas um apelo à responsabilidade moral, à educação e à resistência ao mal. Como afirma Elie Wiesel: “Esquecer os mortos é matá-los uma segunda vez.”


Que a memória das vítimas da Shoá seja abençoada (זכרון לזכרם).


Fontes e Referências:

www.ushmm.org (Museu do Holocausto dos EUA)

Yad Vashem: www.yadvashem.org

Talmud Bavli, Ta’anit 26b

Kohelet (Eclesiastes) 1:9

Eichá (Lamentações) 1:1

Devarim (Deuteronômio) 4:9

Elie Wiesel, Night (La Nuit)

Hannah Arendt, Eichmann em Jerusalém: Um Relato sobre a Banalidade do Mal

Mishná Rosh Hashaná 1:1





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